Eu que sou uma amante de pão assumida e após passar um longo período de abstinência dessa delícia na Costa Rica me sinto no paraíso. Aqui se encontra uma padaria praticamente em cada esquina. E a qualidade.. ooh lala!
Mais do que amar e comer eu observo a vida dos pães aqui. Eles são quase tão importantes quanto o próprio orgulho dos franceses. Eles comem todos os dias, em todas as refeições, não importa o cardápio. Uma refeição em família típica obrigatoriamente conta com um pão à mesa (tá.. em cima da mesa, sem prato, bandeja...) e é passado de mão em mão para que cada um rasgue seu respectivo pedaço e o coloque ao lado do prato (na mesa mesmo, sem frescura). Quem imagina toda uma finesse francesa na hora da refeição pode se decepcionar ao observar esses momentos nada finos: o pão é rasgado sem dó, é utilizado pra empurrar a comida para o garfo e depois para "lamber" o prato o deixando sem nehum resquício de molho que um dia esteve por ali!
E é claro que eu já aderí a esse momento troglodita. Tem uma certa beleza nisso tudo. Come-se com paixão.
Andando pelas ruas do centro aqui de Bordeaux, vejo muita gente com seu pãozinho à mão, comendo ali no meio da rua, muitas vezes puro mesmo.
Outro detalhe importante é a forma com que o pão é transportado. O baguette (ou bengala) é comprado todo santo dia e normalmente é carregado daquela maneira que você já deve ter ouvido falar: embaixo do braço. Ééé... bem pertinho do sovaco mesmo! E, na maioria das vezes o pão só é envolto com um pedaço de papel insignificante no meio, e as pontas (leia-se quase todo o pão) de fora.
O negócio é curtir o sabor (maravilhoso) e deixar-se levar, a menos que você tenha uma cabeça cheia de minhoca como a minha e comece a ligar uma coisa na outra: o pão é carregado ao ar livre, é colocado na mesa que, não me venha dizer que é esterelizada, e passa pelas mãos de todo mundo (que aliás já tiveram sua higiene questionada neste blog). Desculpa se te desanimei... Mas acho que esse é o "tempero" especial do pão francês!