terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um fim de semana na Nicarágua

Posso dizer sem medo que esse, até agora, foi o fim de semana mais surreal da minha vida. Um misto de muitas coisas boas e outras nem tanto. Mas garanto que a aventura valeu à pena.

Granada é uma cidade colonial, a mais antiga da América Central. Mas, o mais interessante é que até hoje conserva sua estrutura arquitetônica original na maior parte da cidade. São quadras e quadras de casas coloridas emendadas umas nas outras. Cada cor representa uma família, e seus habitantes não fazem acepção de cores (todos os tons de rosa possíveis, e uma variedade de cores florescentes fazem parte da ilustração da cidade).




Chegamos à cidade à noite, e a minha primeira impressão foi péssima. Ver aquele monte de casas antigas sob luzes amarelas me trouxe uma nostalgia estranha, uma sensação ruim, não sei por quê. Estávamos todos cansados, mas nada que uma boa chuveirada não resolvesse. Todos prontos, pé na rua, fomos procurar algo para comer. Fomos até a rua de bares e restaurantes; mesas fora, música ao vivo (seleção de rock perfeita). Minha impressão aos poucos foi mudando, um ambiente muito gostoso, com exceção dos meninos de rua pedindo esmola o tempo todo, ou tentando te vender cigarro. Tinha até me esquecido de como era isso. Tinha também um grupo dançando break na rua, na esperança de ganhar uns trocados.

Pedi tacos de carne, pois a fome era grande e o prato é rápido. Eu gosto muito de pimenta, mas o que aconteceu comigo foi ignorante. Na verdade, não só comigo, meu amigo polonês, Adam, pediu a mesma coisa. Logo depois das primeiras mordidas, mudamos de cor, começamos a suar e água começou a sair do zóio! “Uhull!” foi pouco! Viramos uma Corona (cada um) em uns dois goles! (lá uma Corona é R$ 4,00).

Depois de recompostos, fomos a um bar um pouco mais afastado, lotado de gringos. Bacaninha, mas nada especial.

No dia seguinte, acordamos ao meio dia e fomos almoçar na rua. Andamos por meia hora sob sol escaldante (Cuiabá até que é fresquinha...) e em meio a uma confusão de gente, cavalo, carro, tuk tuk, cachorro... Assim é o centro comercial: uma mistura de Índia, Paraguai e feira hippie de Goiânia. Entramos no primeiro restaurante decente que encontramos. Self-service. Na verdade não é self-service porque quem te serve é a tiazinha mal-humorada do outro lado do balcão. Aí você vai apontando... “Un de este, este ahí, porfa!”. Não tem balança e eu não ousei perguntar qual o critério que o tiozinho mal-humorado do caixa usa para colocar o preço na comida. Ele olha pro seu prato atenciosamente e fala o preço. Meu prato deu uns 3 Reais, ou umas 30 Córdobas. E, pasmem, a comida estava MARA! Comida caseira mesmo, muito bem feita.



Depois do almoço, fizemos um tour de charrete que durou praticamente o resto do dia. Começamos pelo centro, onde encontramos o “ponto” das charretes. Elas ocupam toda uma quadra e são enumeradas como taxis. Passar pelas ruas de paralelepípedo e casas coloniais foi como viajar no tempo. Em Granada faz muito, muito calor, então a maioria das casas possui um jardim interno para refrescar o ambiente. Não, não é jardim de inverno. É jardim mesmo. Você entra na casa, passa por um ou dois cômodos e logo depois se depara com um jardim a céu aberto. É como se o quintal estivesse bem no meio da casa. E refresca mesmo!

Depois de umas duas horas passeando pela cidade, largamos os cavalos e pegamos um barco para dar um rolê no Lago Nicarágua (ou Cocibolca). Os ignorantes como eu pensaram que era mar. O lago tem uma área de mais de 8.000 km², é o maior da América Central e o segundo maior da América Latina (o maior é o Titicaca, abestado!). Agora, você me pergunta: qual a graça de dar uma voltinha num lago? Explico. No meio do lago existem várias ilhotas onde os ricaços Nicaragüenses constroem casas. É um condomínio no meio do lago; cada ilha é uma casa. Tem até restaurante!

Mais adiante no lago tem uma ilha vulcânica, mas não fomos lá não. Nos contentamos em observar o vulcão de longe mesmo.

Depois de bisbilhotar a vida alheia, voltamos a terra, encerramos o tour de charretes fomos ao mercado de rua. A parte que fica ao ar livre é a que descrevi há pouco (Índia+Paraguai+Goiânia). Mas o pior ainda estava por vir. Caminhamos como por um labirinto até chegar a uma parte fechada (lona no teto). Uma mistura de cores, cheiros, muito, muito diferentes. Me senti em um filme de época, não sabia se ria ou se chorava. Não consigo definir qual foi minha sensação predominante: fascínio ou desespero claustrofóbico!


Encerramos o dia com um jantar em um casarão (estilo colonial, óbvio). Nossa mesa ficava na sacada, de onde pudemos ver de camarote uma procissão da virgem não sei das quantas, com direito a carro alegórico e escolta policial.

No dia seguinte, levantamos cedo para partir. Na volta, paramos em San Juan Del Sur e pegamos uma prainha. Nada demais, mas é praia, né...

sábado, 28 de novembro de 2009

Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais...

São 3:37 de la matina e eu tenho que estar na escola às 6:00. Como não consegui dormir, cá estou escrevendo. Antes disso estava jantando no Coconut (o restaurante do Roberto) com uns vinte alunos para a despedida de Carol, Kate, Cristina e Katharina (outra alemã, companheira de sushi... agora só resta uma Katharina, a austríaca). Hoje estava analisando o dia-a-dia na escola. É como o big brother. Todo mundo passa o dia junto, vai pra piscina, pra aula, almoça, faz panelinhas, que são desfeitas na hora de ir pra festa: sempre vamos todo para o mesmo lugar! De longe dá pra ver, só andamos em bando.

O duro é quando alguém é eliminado. Digo, quando alguém vai embora. No começo eu não ligava, até porque não estava muito apegada a ninguém (um pouco à Katharina, que só vai embora em Fevereiro). Mas agora toda semana é uma coisa!

Se tem uma razão pela qual eu não gostaria de ser imortal, é ter que ver todo mundo morrer. A desvantagem de ficar mais tempo, é que aos poucos você vê todo mundo indo embora. Um saco. Mas sempre é pior para quem morre, digo, vai embora. A Carol estava inconsolável... isso é porque ainda vai pra Boston antes de voltar pra casa.

Outra parecência com o Big Brother, é que as pessoas que ficam vão se aproximando, mesmo as que no início nem se cumprimentavam. Mas, nem tudo está perdido e existem os alunos novos pra dar um novo fôlego a esse texto melancólico da bexiga!

Essa semana chegaram uma Holandesa, duas Norueguesas e um Suíço (lindo!). O suíço está ficando em casa de família, então não tive que recebê-lo. Mas ele está morando na mesma casa que Katharina (a derradeira) e eu já tô ligada que ele trouxe muuiitooo chocolate. As meninas eu tive que recepcionar e todas são gente ótima! Acima de 20 (ufa!). As Norueguesas chegaram hoje e eu já as levei ao jantar que aliás... estava fabuloso! Acho que é por isso que não consegui dormir... de tanto que comi!

Claro que já cheguei no restaurante me achando né... recepcionada por todos os garçons (e dona) pelo nome. Foi quando as Norueguesas perguntaram se eu ia sempre ali. Eu disse que tinha ido duas ou três vezes. Aí elas perguntaram se a comida era boa. kkkkkkkkkkk. Eu disse que não tinha idéia, que nunca tinha comido ali! Depois expliquei a história dos drinques.

Como eu havia dito que iria pedir um Dry Martini da próxima vez e a próxima vez daquela vez eu esqueci e pedi uma Margarita* (que estava ótema, nota 10 pro Robert), eu lembrei de pedir hoje o tal do Martíni Seco. Foi a Norma quem me atendeu, e o Alexander (huahuahau) quem preparou meu MARtini. Pensa num trem aguado! Mas tudo bem, eu tinha ido pra comer. Pedi um Pescado Marisquero.. Peixe suculento ao molho amanteigado com camarão e lula**. Nuss! Nem ousei lembrar do drinque aguado!

Depois disso, nem tive forças pra ir ao Monkey Bar, até porque teria que acordar cedo (daqui há uma hora) pra servir de guarda. É sério! Eu sou o Severino da escola nos fins de semana. Quase sempre não tem nada pra fazer, mas dessa vez o guarda não vem e o Sr Marc quer que alguém fique na escola. Ou seja, ao invés de fazer nada aqui em casa, vou fazer nada lá que tem piscina, aluno e televisão.

*Quem não entendeu, releia o trecho devagar...
**O Mainardi deve ter feio cara de nojo agora... Não sabe o que está perdendo em não gostar de bichos aquáticos!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Guacamole de água viva

Gente... eu choquei o povo aqui adivinha com quê... Vitamina de abacate! Quando disse que no Brasil se consome abacate com açúcar, a platéia quase infartou (tinha uma colombiana, uma japonesa e uma americana... a reação foi a mesma). Quando contei da vitamina então... a japa quase botou os bofes pra fora de nojo. Para quem não sabe, outras culturas (pelo jeito o mundo inteiro, menos nós) costumam consumir a fruta com sal, na salada ou para fazer o delicioooso guacamole (prato mexicano salgado e de acompanhamento feito com abacate amassadinho. Em espanhol, abacate é aGUACAte, tendeu? hã hã?).

Como minha colega de apê é bem entendida de Brasil, fiquei curiosa para saber se ela sabia dessa. Quando contei, ela fez cara de absurdo como as outras. Prometi fazer uma vitamina essa semana. Depois conto como foi.

Mudando de comida pra água, fiz minha segunda aula de surf! Bem, não foi bem uma aula porque eu não tive que pagar dessa vez. Fui com a Verônica e seus amigos que surfam há anos a uma praia mais distante (Praia Grande, mas fica na cidade de Tamarindo mesmo). A praia é linda, a que mais gostei até agora. Mas nem adianta cobrar foto porque pra chegar lá, temos que atravessar um pequeno rio. A nado. Eu tô falando sério. Deu um desespero na metade do caminho... Eu cansei, aí queria desistir. Mas voltar ou continuar dava na mesma, e eu não ia dar trabalho pro povo. E valeu a pena! Que praia é aquela... primeiro, deserta. Claro né, quem que ia ser bocó de atravessar o rio a nado pra ir lá? Segundo, água clarinha... um azul incrível e as ondas na hora certa. Isso quer dizer que não foi uma loucura como na primeira aula em Playa Tamarindo, onde vinha uma onda atrás da outra. Mais pro fundo a água é como em Flamingo... a maior parte do tempo calma, dava pra deitar na prancha e tomar sol.

Mas, nem tudo são flores. Como a lei de Murphy já me achou aqui, naquele dia estava tendo uma convenção internacional de águas vivas justamente naquela praia. Toda as águas vivas do mundo estavam lá! Gente... eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Nunca tinha visto (ou sentido) algo daquele jeito. Parecia um monte de mosquitos aquáticos me picando ao mesmo tempo! Foi assim que aprendi a me equilibrar na prancha! Como fui com uma prancha menor (quanto menor, mais difícil) eu estava tendo certas dificuldades de parar deitada em cima dela (pulava e caía do outro lado.. pernas pro ar!). Mas foi só as bichinhas começarem a "picar" que dei um jeito de parar lá em cima. Pois bem. Vencida a etapa das águas vivas, comecei a praticar com meu "instrutor" americano Maicah. Bem, dessa vez não engoli água nem a prancha fugiu de mim. Mas não consegui ficar de pé nenhuma vez. Porém, peguei duas ondas do começo ao fim deitada. É tããooo legal! Para os engraçadinhos que pensarem "deitado, até eu..." digo que até pra isso é preciso técnica. Ganhei parabéns! Quando achei que estavam me zoando, a Vero me disse que eles surfam há muito tempo e que ela mesmo só começou a ficar em pé na prancha depois de alguns meses, treinando quase todo dia. Eu digo que o babado é forte! Nunca mais vou zoar surfista. Tiro o chapéu pra eles!

Por incrível que pareça, apesar da travessia do rio e tudo, não fiquei tão cansada como da outra vez, nem meu corpo ficou dolorido.

Bom, meu povo, por hoje é só! Beijosss

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

The dark side of Tamarindo

Nem tudo são flores... hahaah óia o drama! As duas últimas semanas não geraram muita história pra contar. Além do novo blog que tem feito com que eu passe boas horas enclausurada, estudando, eu perdi meu cartão  (HSBC = uó!!) o que me tem deixado de castigo.. sair à noite, só se for ladies' night... praia só se for Tamarindo mesmo e nada de comer fora! Desta forma, resolvi compilar aqui algumas observações que não relatei nos posts anteriores... algumas não muito agradáveis, por isso a introdução dramática!
*Os mosquitos não gostam de mim (eee). Tem nego aqui que parece ter catapora, de tanta picada. Eu to de boa (com exceção dos pés... as formigas me amam!)
*Eu moro no meio da selva. Quando subo as escadas pra entrar em casa (vou postar foto, pra o entendimento da questã) geralmente tem uns lagartinhos (micro) que passam de um lado pro outro. Tem esquilos (lindos!) e alguns macacos (tímidos). E, de vez em quando, à noite no telhado, escuto ruídos. São os lagartos gordos (garobos) e talvez ratos;
*Tem uma gata folgada pacas aqui. O nome dela é papaya. O nome da nossa residência é Casa Papaya, ou seja, a gata deve pensar que a folgada sou eu, né... Tipo...se ela tá com fome e eu abro a geladeira, ela entra lá se eu não cuidar! um dia eu deixo só pra ver como é.  Outra coisa... não sei em que língua falo com ela. Eu me recuso a  falar em espanhol ou inglês com um bicho!! Mas ela não me entende!!
* Essa semana ficamos dois dias sem água. Seguidos.
* Quarta-feira, cheguei primeiro no Pacífico (bar na praia), e encostei no balcão pra esperar o povo chegar. Eis que me aparece um carinha (que sempre está lá) com dreads, muito louco e pergunta de onde eu era... quando eu disse "Brasil" ele deu um sorrizinho de canto de boca e me disse: ahh.. macoñera... Gente!! Não aguentei neh.. deixei o bocó falando sozinho. Mas vai vendo a nossa reputação aqui...
*Ainda não vai ser aqui que meu espanhol vai fluir. Melhorou, claro, agora pelo menos eu não tenho vergonha de falar. Mas ainda falo muito mais em inglês do que em espanhol...
* Achei os mercados que vendem chocolate. E carro blindado!! (essa só o HHOFG vai entender kkk). E a padaria do francês é ótima! Muita coisa gostosa... só senti falta do pão.

bjuus

domingo, 8 de novembro de 2009

Playa Conchal

Gente... vocês me conhecem e sabem como eu sou preguiçosa pra foto, né? (Quem não conhece, já deve ter percebido também pela falta de fotos no blog). Acontece que sempre tive perto de mim alguém mais preocupado com isso do que eu (Drica, Clara ou Bazzotti nas festas, Mãe nas viagens...). Agora eu não tenho! Achei uma parceira para almoços, festas, praias folgada que nem eu! A Katharina austríaca (a alemã foi embora e, acreditem... achei outra Katharina que foi minha parceira de sushi!) é ótima companhia, mas não tá nem aí pra fotos. Eu então...

Resolvemos ir para a famosa Playa Conchal no último sábado e, como o resto do povo já tinha ido, resolvemos ir sozinhas. E não levamos máquina! Isso mesmo... as duas cabeçudas esqueceram das câmeras fotográficas. Tudo bem... eu descrevo.

Antes de chegar à playa conchal, passamos por um povoado chamado "Brasilito". O pior é que é feio, pequeno e a praia é sem graça. Porém, fomos lá que almoçamos e encontramos o restaurante mais maluco que já vi, o Outback Jack's Roadkill Grill. Pelo visto é de um australiano chamado Jack. O restaurante é todo decorado com bugigangas como bicicletas velhas, todo tipo de instrumentos musicais, bonecos de metal gigantes, placas rabiscadas com tinta Fúcsia! Uma zona! Mas um bom passatempo pra esperar a comida chegar. Tenho certeza que saí de lá e não vi tudo. O cardápio é tão maluco quanto a decoração e o garçom. Algumas coisas eram impossíveis de entender, porque no lugar do nome do prato, tem uma descrição... maluca. Comemos "Os famosos camarões jumbos enooormes que o Jack pesca com seu chapéu pequeno, que na verdade não pesca, com molho de manga mmmmmmmmmmmm!". E realmente estavam mmmmm!

Mas o post não é de novo sobre comida. Vou falar da praia, calma.
Então... a praia Conchal é linda! Vou voltar lá com a Verônica só pra tirar foto rsrsrs. O nome se dá pelo fato de no lugar de areia existirem conchas! Claro que em boa parte elas estão trituradas, em uma formação granulada e colorida, mas em diversos pontos é possível ver conchas e mais conchas inteirinhas, empilhadas.

É esquisito andar sobre as conchas. Não chega a doer o pé, mas incomoda. Como não "dá liga" como a areia comum, a "areia de concha" não gruda. Isso é lindo até você entrar no mar. Eu estava ansiosa, porque me haviam dito que se via tudo na água transparente, melhor que em Flamingo. Mal chegamos e fui pra água. E só tive coragem de entrar de novo pra dar um mergulho na hora de ir embora. Com a ausência da "liga", a areia de concha não é firme. Junte isso ao fato de ter chovido muito e o pacífico não estar tão pacífico nesses últimos dias. Resultado: a onda vem e a Fabi afunda!! Medo! Fiz igual ´no episódio da arraia. Mas dessa vez não consegui andar por cima d'agua. Tava afundando...
Como pretendo ir de novo, prometo um post sobre O Retorno. Com foto.



E por falar em foto, essa aí comigo é a tal da Katharina austríaca. Essa foto foi tirada aqui em Tamarindo (e a do título do blog é de Flamingo).
Perceberam né? no post sobre Flamingo não tem foto. No título que diz que estou em Tamarindo tem uma foto de Flamingo e no post sobre a Playa Conchal, foto de Tamarindo. Adoro uma fucusão... Ai ai.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Mudança

Então, people, como alguns de vocês já sabem, meu curso já acabou (assim como o traballho voluntário e casa, comida e roupa lavada). O plano era alugar um AP assim que terminasse tudo e procurar trabalho, pra eu não ir à falência pagando aluguel, água, luz (e ia ter que comprar um celular). Já estava tudo certo, tinha achado um apê legal em Vilarreal, perto de onde eu morava. Mas... como quando é pra ser, tudo se encaixa, no dia em que eu ia pegar a chave do AP, resolver ir para a EFpela manhã.
Estava eu conversando com a Katharina, quando um tipo baixinho, de óculos, engraçado, com cara de uns 20 e tantos apareceu e nos cumprimentou. Ele ficou parado na nossa frentee eu deduzi que era um aluno novo. Já fui me apresentando, como uma boa veterana e ele respondeu com um "Ok". Esperei uns 5 segundos e perguntei: "...e seu nome?" Ele demorou o mesmo tempo para responder.
"Marc."
"Hola, Marc, de donde eres?"
"De España."
Como assim um espanhol estudando espanhol na Costa Rica??? Ele ignorou minha cara intrigada e prosseguiu perguntando do trabalho voluntário, como eu estava... sabia tudo de mim. A ficha demorou muito, mas caiu! Marc é o diretor da EF. Ele estava de férias quando eu cheguei. Coversa vai, conversa vem... eu falei pra ele do meu plano e ele disse que tinha algo pra mim. Fui em seu escritório e em 15 minutos era a mais nova "funcionária" da EF. As aspas indicam que o que consegui não foi bem um trabalho... eu explico e vocês deem o nome que quiserem.
O que tenho que fazer é receber os alunos que chegam nos fins de semana e que vão se hospedar no campus, não importa o horário. Tenho que estar disponível por todo o fds, mas o trabalho em si, dura umas 2h no total. Então eu posso ficar em casa dormindo, ou até sair (a escola fica perto da praia, bares...) E voltar na hora da recepção. O resto da semana, estou livre.
Em troca, tenho casa mobiliada (ao lado da escola), internet sem fio 24h e um celular. Não preciso pagar água, luz ou telefone. Não recebo grana. Mas, acho que tá bom, né? hahaha

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Living la vida loca

Não... não to vivendo la vida loca. Pelo menos não ainda... até acabar todo o programa do curso vai ser difícil; Não conheci quase nada de Tamarindo, não tenho saído muito e vivo cansada. Mas, claro, ainda assim, coisas acontecem comigo. Algumas bizarrices:
* O Diretor da escola (do trabalho voluntário) até hoje me chama de Francia e eu não corrijo;
* Os professores se chamam de “companheiro(a)” ou mami/papi entre si. Um marmanjo de 25 anos me chamando de “mami” foi aterrorizante! Não consegui esconder minha cara de indignada;
* Todo mundo acha que eu estudei educação física no Brasil. O marmanjo de 25 anos (professor de inglês), tentando puxar meu saco disse que queria fazer Ed. Física, mas seus pais o desencorajaram. Disse que sempre amou. Eu disse que sempre odiei.
*Arranjei uma técnica para conversar com os alunos que conversam embolado: leitura de expressão corporal:
a) Se uma menina vem chorando mostrando uma parte do corpo, eu faço bico e digo: ah... pobrecita! Se for menino, digo: tsc.. qué malo! E eles param de chorar, é incrível!
b) Se alguém vem me contando algo superempolgado(a), com gestos e brilho nos olhos eu digo com a mesma empolgação: en sériooo?? E eles balançam a cabeça dizendo que sim, superorgulhosos. Às vezes ainda arrisco uma tréplica dizendo: Uau!
c) Se algum guri fominha de bola, depois de uma discussão no campo vier me pedindo pra confirmar sua teoria de alguma regra do jogo, eu franzo a testa e digo seguramente: Claro! E todo mundo acredita.
d) Se alguém me conta algo bravo(a) ou emburrado(a) apontando o dedo pro resto da gurizada, eu abaixo, olho nos olhos do muleque e pergunto com convicção: Quién? E ele(a) diz o nome do acusado, o que facilita, pois o meliante na hora olha com cara de culpado e eu fecho a cara e faço não com o dedo.
* Na escola se vende pastéis de queijo, de arroz com frango e de feijão. Quando vi um guri comendo um de arroz, achei que eu tava doida, aí perguntei do que era o recheio e ele disse: “arroz con pollo” E abriu o pastel pra me mostrar, fazendo cair metade do recheio;
* Salsicha em espanhol é salchicha. E pra completar ainda tem o salchichón. Quase me matei de rir (sozinha) no mercado quando li;
* Essa eu já sabia, mas ainda não processei que “comedor” é um lugar, não uma pessoa. Eu rio toda vez que acaba a aula e tenho que dizer: “Chicos, al comedor!”;
* Aqui tem muita palavra diferente do espanhol da América do Sul. Eu conhecia bola como balón ou pelota. Na primeira aula (crianças de 7 anos), antes de começar perguntei apontando pra bola: “Como se llama eso?”. Ao que um pirralho respondeu incrédulo: “bola!”. ¬¬;
* O líder daquela banda (Brasil! Brasil!) dá aula de música lá na escola. Eu, a professora do pré e sua irmã fomos a um bar de carona com a banda. Agora eles sabem que meu nome não é Brasil;
* Eu odeio cumbia;
* Eu já tomo três canecas de café por dia. Acontece que o café daqui é mais fraco, diferente. Tá... não justifica... mas como vocês querem que eu fique de pé desde as 6 da manhã aguentando a turma do carrossel??

Embarque nesse carrossel...

Gente... é igualzinho! Quando bati o olho nos uniformes dos alunos da escola de Vilarreal pela primeira vez, lembrei da novela Carrossel. E toda vez que chego ao portão da escola aquela musiquinha chata entra na minha cabeça.
O pior é que tem uma menina loirinha no quinto grau toda Pati e uma gordinha que sempre está de Maria-chiquinha e ou está comendo ou está pedindo pra ir à cantinha comprar algo.
O sistema educacional da Costa Rica é interessante... Na “escuela” existem sete níveis:
=>Kinder (o nosso pré) = uniforme azul celeste. Vestido para meninas e camisa e shorts para os meninos. Tudo azul. E as menininhas usam meias azuis com sapatilhas pretas. Uma graça!
=>Primeiro a quinto graus = Meninas: Camisa Branca, saia de pregas azul marinho e sapatilha preta. Meninos: Camisa branca, calça azul marinho e sapato social.
=> Sexto grau = O mesmo uniforme dos graus anteriores, mais uma gravata vermelho-sangue. Inclusive para meninas.
Existe uma turma de cada grau por período (ex: Primeiro A de manhã e primeiro B à tarde), sendo que uma semana o Primeiro A vai pela manhã e na outra semana vai pela tarde. E isso vale para todos, ou seja, todo mundo se lasca. Aqui não tem essa de neguinho dizer “esse ano posso dormir até tarde porque estudo no período vespertino!”.
Terminada a “escuela”, os alunos que estavam usando gravata vermelha vão para o “colegio”, para mais 6 anos. Aí lasca tudo de vez. Período integral, com 14 matérias (incluindo francês e psicologia, tá...).
Ah, e o uniforme para o colégio é camisa azul celeste e calça azul-marinho. As meninas também tem a opção de usar saia de pregas e sapatilhas até o último ano...

Falei de comida, agora é bebida!

*Eu tomei leite duas vezes até agora, na rua. Na minha casa aqui não tem laticínios nem pra remédio (acho que a Maria faz panqueca com água, só pode). Mas já chequei no mercado e tem uma variedade até razoável. O povo aqui de casa deve ser alérgico.
*Aqui tem Smirnoff de 1,750l.
*Aqui vende Margarita pronta. Váááárias marcas. Piña colada também. Mas não fui com a cara de nenhuma delas. Lembra um troço chamado baianinha, não sei por quê. Preconceito, né... porque não experimentei nenhuma. Mas não pode ser coisa boa!
*Aqui a tequila é cara também.
*Aqui vinho em caixinha Tetra Pak é normal. Concha y Toro. Eu achei que era só vinho branco, mas hoje vi um Cabernet Sauvingnon encaixotado. Não entendo. Não me conformo!
*Tomei suco de Tamarindo aqui e gostei. Vai entender!
*Também tomei suco de uma frutinha chamada Cas. Não gostei. Amargo.
*A cerveja bam bam bam daqui é a Imperial. É produzida pela Cervejaria Costa Rica, que também produz refris e sucos e agora está exportando até pra Ásia. A segunda mais consumida é a Pilsen (sim, é uma marca), mas não sei onde é fabricada.
Sexta fomos (Katharinas e eu) ao Monkey Bar. A Katharina alemã queria tomar coquetel e, como no bar do macaco só tem bebida “pronta”, tivemos que sair de lá um pouco e caminhar até o primeiro restaurante com bar. Como é baixa temporada ainda, não tinha ninguém no recinto além da dona (uma Norueguesa também chamada Katharina) e seus amigos. Ou seja, o bar era nosso! Já fomos nos acomodando no balcão, cheias de graça. Logo fizemos amizade com as garçonetes Carmen e (colombianas) que estavam à toa os bartenders (Nicaragüenses) Roberto e Alexander (para esse último, quando me disse seu nome, eu respondi: ahh y yo soy Margarita, mucho gusto!). Brincadeiras à parte, fizemos os pedidos. Roberto serviu primeiro o drinque da Katharina austríaca, um frozen Daiquiri de morango. Tava bom até. Depois veio minha Corona con limón (pra não misturar) e por último a caipirinha da Katharina alemã. Foi aí que a porca torceu o rabo! Tudo bem as pessoas venderem vinho em caixinha Tetra Pak ou servirem cerveja com gelo... Quem compra isso sabe o que está adquirindo, então, ema ema ema! Gosto e nariz, cada um tem o seu. Mas vender suco de limão com xarope, gelo e rum branco e dizer que é caipirinha é crime!
“Roberto, Roberto... Soy brasileña, Roberto... Caipiriña con Run, Roberto??”
“Sí, pero...”
“Donde está la cachaça, Roberto?”
“Sí, caipiriña originalmente es con cachaça, pero...”
“Donde está el azúcar, Roberto?”
Até a alemã entrou no meio:
“En Alemania, tomamos capirrrriña con azúcar...”
Ao que eu continuo:
“Ves, Roberto? Hasta en Alemania, Roberto...”
Ainda bem que o Roberto é gente finíssima e não nos mandou embora. Pediu desculpas e até tirou foto pra gente. Mas vai continuar fazendo caipiríssima com xarope e vendendo como caipirinha. E Katharina (a dona) disse pra gente voltar para um happy hour, que os drinks são mais baratos. Vou tentar um Dry Martini, e depois eu conto.

Quero pão!

Tem uma coisa que eu comi aqui e não gostei: a sopa. Maria me disse que é uma sopa tradicional de Guanacaste e que sempre se toma aos domingos (creio que como nosso frango de padaria). O negócio, é que a tal sopa é meio sem sal, um negócio meio aguado. É feita com legumes (cenoura, batata, vagem e chuchu) e coxas de frango inteiras. Os legumes também são cortados em pedaços enormes (rodelas de cenoura com uma polegada de espessura e chuchu cortado de comprido em quatro partes, com casca e tudo). Ah, e um punhado insignificante de macarrão. O cheiro é ótimo, mas o sabor deixa a desejar, assim como a aparência (como o frango é cozido junto com os legumes, aquela coxa branca no prato não fica muito apetitosa). Agora, a parte mais bizarra, é que a sopa é servida com arroz. Eu amo arroz, mas daí já é demais né! Furei a tradição e ignorei o prato de arroz e tasquei molho lizano e sal. Deu pra comer.
Tirando isso, o resto é ótimo. Comi pizza em dois lugares (pizza hut em uma pizzaria de forno à lenha) e estavam perfeitas, crocantes... Fui ao Subway também e provei um burrito que recomendo: tortilla (a massa) de tomate, frango teriake, alface, picles, queijo amarelo e molhos de “cebolla Dulce” + Chipotle. Fiz um combo e pedi uma tortinha de maçã. A melhor! O Mc Donald’s deveria pegar a receita. E eu deveria ganhar uns troco do Subway por postar isso aqui, aff. Liga não... to com fome.
Então, A grande maioria dos restaurantes de Tamarindo é de culinária internacional, mas sempre com várias opções de pratos mexicanos. Aqui em Vilarreal (onde moro, um distrito que sonha com a independência de Tamarindo) há restaurantes menores, mais simples, com comida caseira, i.e.: arroz, feijão, carnes, tacos, o que como em casa (dã!). Descobri que há três sushi bares em Tamarindo e Kana (uma colega japa) me disse que um deles é excelente e barato. Obóvio que vou lá semana que vem.
Tem uns quiosques aqui de uma rede chamada Mandarina. Amei! Vendem sorvetes, raspadinhas com sucos naturais e coisas com frutas frescas. Por ¢ 1.700,00 (uns R$ 5,00) você come uma salada de frutas com sorvete que é dos deuses! E, vai por mim, é um almoço.
As pessoas aqui não comem muito chocolate. Isso é uma reclamação geral na escola, pois não há muitas opções nos mercados. Creio que seja porque não se produz chocolate aqui (só se encontra marcas como Cadbury, Hershey’s, etc e em pouca variedade), o que é engraçado, já que a Costa Rica é um grande produtor de Cacau.
Também não se consome muito pão. Só vi uma padaria (e francesa) até agora, no centro de Tamarindo. No mercado que fica perto de casa (um dos maiores) só tem uma tendinha com pães doces e rosquinhas. O único tipo de pão fresco salgado que tem é um bengala esquisito. Terei que apelar para os empacotados da vida (Bimbo e afins). É pacabá, mas estou com saudade do pão do Favorito. E do pão do Modelo. E do pão da minha mãe. E do da Tere. Quentinhos... com manteiga Comajul e um copão de leite com Toddy! hahaha.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Loucura, loucura, loucura!

Gente, antes de contar minha experiência de ontem, algumas coisinhas que eu esqueci de postar:
*Realmente não existe exército na Costa Rica. No caso de uma invasão ou algo do gênero, é o exército americano que entra em ação. Os Estados Unidos são também o principal parceiro comercial do país;
*Os costa-riquenhos são tão fanáticos por futebol (ou até mais) quanto os brasileiros;
*Tomei mais sol de um lado. Meu ombro esquerdo está descascando;

Agora sim. Ontem foi um dia no mínimo interessante. Acordei cedo pra tomar café, enrolei um pouco e fui pro ponto de ônibus. Compensa andar de busão pq é muito mais barato, vc não passa muito tempo dentro dele e nunca está lotado. O engraçado é que não há catraca ou cobrador. É o motorista mesmo quem recebe a grana e põe tudo numa caixinha q fica aberta. Você entra e pergunta quanto é. Ele pergunta onde vc vai descer, aí sim diz o preço.
Cheguei na EF, fiquei morgando um tempo na piscina... começou a chover. E eu na piscina. Deu a hora do almoço (eu com muita fome)e a chuva só aumentava. Quando a chuva parou (um pouco) fomos (as duas Katharinas e eu) ao centro almoçar. As 3 azuis de fome. Eu bati uma pizza sozinha (acho que do tamanho da broto nossa.. pra uma pessoa e meia) e depois não conseguia nem andar direito. Detalhe: tínhamos aula de surf às 3 da tarde.
Quando chegamos ao estúdio de surf parecia que tínhamos levado uma surra. Já encontrei dificuldade no começo, ao carregar a prancha até a praia. Pois bem. Deitamos as três pranchas e sentamos na areia pra ouvir o instrutor explicar em terra o que deveríamos fazer na água. É o seguinte: você deita na prancha, barriga pra baixo, pés juntos e peito levantado e começa a remar. Remar sem água não é fácil. Depois, quando chega a grande hora, você apóia as duas mãos no meio da prancha, levanta um pouco o corpo (sem usar os joelhos), posiciona o pé de trás (pra levantar de vez) e depois o da frente e faz pose de pantera (Charlie's angel). Na terceira tentativa eu consegui ficar de pé bonitinho.
Aííí a gente foi pra água. Cordinha da prancha amarrada no tornozelo. Prancha debaixo do braço quando estiver no raso, depois você já coloca ela deitada na água. Aí começam a vir as ondas grandes. Mas é só levantar um pouco a frente da prancha e dar um pulinho, que tá tudo certo. Depois, quando a água tava quase no pescoço, deitei na prancha (na segunda tentativa, pq na primeira, passei direto pro outro lado). Deitada na prancha, me ajeito de acordo com as instruções. Pé, ok. Peito, ok. Cuidadooooo! Hã? Olho pra frente e solto um grito quando vejo uma tsunami prestes a me engolir. Foi prancha pra um lado, corpo pro outro e água pra dentro. Eca. Devo ter tomado um copão de água salgada e nem tinha começado a surfar. Aí escuto uma voz (a mesma do cuidadooo) dizendo "estás bien?" Era o instrutor desgranhento que tinha me deixado sozinha à deriva. Mostro o dedo pra ele (o polegar, mas com entonação de dedo médio) pra dizer que eu tava viva.
Passado o susto, o instrutor começou a me dar dicas de como sentar na prancha pra pegar a próxima onda. Meu... eu não tinha pego nem a primeira! (quer dizer, ela me pegou!). E eu brava pq não queria mais instruções até colocar as primeiras em prática.
Deitei de novo na prancha e ele me virou (me posicionando de frente pra praia). e falou: "vamos salir en esta". Frio na barriga. Concentração. Remar, Mão no meio, pé direito, pé esquerdo, pose de pantera. Remar, Mão no meio, pé direito, pé esquerdo, pose de pantera. Acho que é isso. O instrutor interrompe meus pensamentos: "Remando!"
Ai meu Deus! Tá.. remar.. a prancha balançando. E agora numa velocidade... escuto a voz do instrutor de novo: "Up! Up!" Ahmeudeusdocéu! Como era mesmo? "UP!!" Mão, joelho, pé direito, pernas pra cima e mais um copão de água salgada pra dentro! e a prancha continuou rumo à praia, me puxando pelo tornozelo. Quando consigo ficar de pé o instrutor vem me dizer que não tinha nada que por o joelho na prancha. Como se eu pudesse controlar!
Mais umas três dessas e eu consigo fazer pose de pantera por uns dois segundos, até cair da prancha e ralar o joelho. Mas foi tããoo legalll! hauahuahaua
Voltamos pra escola de surf exaustas e debaixo de chuva.
Por increça que parível, eu quero ir de novo! Talvez daqui umas duas semanas quando meu corpo todo não estiver mais dolorido.
O que eu aprendi com o surf:
* É bom usar joelheiras;
* Meninas, sempre devem usar camisas de surf... de preferência de cor escura;
* Não coma uma pizza inteira antes de surfar. Na verdade, nem coma. A água do mar alimenta. To sem fome até agora;
* Antes de dizer que surfista é burro, tente surfar!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Buenas!

Meu trabalho na escola já começou. Segunda tive duas aulas, sendo que a primeira era com uma turma de crianças de 6 anos (foi nessa que uma menininha começou a chorar e eu perguntei o que era... ela disparou a falar choramingando e eu não entendia nada, queria chorar tb). A segunda turma era de crianças maiores, uns dez anos, Só que havia 32 alunos! No fim tudo deu certo. Ontem, terça, foi mais tranquilo, menos alunos por turma e sem choradeira. No resto da semana (quarta, quinta e sexta) a escola estará fechada (ufa!), pois haverá uma conferência em San José com os profes.
Tópicos do dia:
* Hoje consegui tomar minha primeira xícara de café inteira! Mas daí não pude tomar o suco, que coloquei numa garrafinha para levar pra escola (vou pra EF usar a internet e a piscina... acho que jah falei, né? Eu escrevo em casa off e depois quando tenho net, só posto);
* Me perguntaram pq só café gourmet. Gente. Olha o tamanho da Costa Rica. Na época que todo mundo achava que café era a única mercadoria interessante, aqui não tinha espaço pra produzir em grande escala, aí uma saída para a competitividade foi agregar valor ao produto. Além disso, a topografia ajuda... Dizem que para esse tipo de café, quanto mais alto, melhor. Então aqui é produzido em altas montanhas;
* Como de hoje até domingo vou estar coçando, vou estar procurando algo pra fazer. Hoje vou estar fazendo uma aula de surf e depois acho que vou estar viajando pra outra praia. Vamos estar odiando o gerundismo;
* Ahh chegaram dois idosos na escola (devem ter uns 30 anos, cada). Acho que são alemães. Ontem não deu pra falar com eles. Hoje vou ver qual é;
* Segundo a lenda, há um brasileiro aqui. Dizem que é músico, toca e canta nos butecos. Quem viu, disse que canta muito bem. Eu ainda não vi e duvido que ele exista;
* Ontem eu estava caminhando no bosque sozinha, com meu capuz vermelho e minha cestinha de doces rumo à praia, quando ouvi um barulho de algo se mexendo muito perto de mim. Não era o lobo mau, droga! Era um lagarto gordo que não consigo lembrar o nome, primo da iguana. Tem uns 30cm, tirando o rabo. Quando nos vimos, eu corri pra um lado e ele pro outro. Pensa num bicho feio! Será que ele pensou o mesmo de mim?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Verdades sobre moi na Costa Rica

*Ainda não sei a diferença entre salsa, merengue e cumbia, mas tenho quase certeza que não gosto de cumbia.
*Fiquei impressionada com o câmbio. Já tinha percebido que o câmbio é melhor quando se saca no caixa em moeda local, do que quando se leva cash pra trocar depois, mas hoje foi demais; Tirei meu extrato em dólares e havia praticamente os mesmos números do que meu saldo em reais. Tive que entrar na net pra conferir de novo meu saldo em R$, e depois no site do BC pra ver o câmbio. O do banco (minha conta) estava muito mais baixo. Primeira vez que tenho uma surpresa boa no âmbito financeiro;
*Vou ser professora de educação física de criancinhas por duas semanas. Pode rir. São só duas semanas e na primeira vou só segunda e terça e só na parte da manhã. Tá!!;
* Definitivamente não me chamo mais Fabiana, nem Paula, nem Aline ou Luiza... Meu nome agora é Brassíl;
* Ainda não comi frutos do mar porque a comida mexicana não deixa. E também é mais caro. Mas ainda não me deu vontade. Sinistro;
* Não sei se vou sobreviver depois sem salsa Lizano (um molho que se compra pronto. É uma mistura de mostarda, xarope, pimenta e sei lá mais o quê, que se mistura no arroz com feijão e é louco de bão)
* Apesar da comilança, emagreci dois quilos (e pretendo continuar). Pensa numa pessoa que anda! E é ladeira arriba e abajo;
* Ah, Babi, o feijão é normal. Só que hoje eu comi uma pasta de feijão que acompanhava o guaca mole que era meio adocicada (bleh!). Deve ser isso que te falaram...;
* Até hoje não comi o tal de gallo pinto (arroz com feijão misturados, temperados juntos e apimentados). A tradição é comer no café da manhã, mas a minha família é mais adepta do estilo americano do desayuno (ninguém merece levantar mais cedo pra fazer arroz com feijão). Por outro lado, a maioria dos alunos gringos na escola reclamam de ter sempre “comida” para o café. Acho que tive sorte.

Verdades importantes sobre a Costa Rica

* Grande exportador de café gourmet, compara-se o café daqui com o colombiano. A variedade é realmente impressionante. Até agora não sei comprar café... São tantos pacotinhos bonitinhos que não tem como escolher;
* Exporta também muita fruta para a Europa (se destacam a banana e o abacaxi, que é super doce);
*A pesar de ter lido sobre, e ter ouvido muito do tiozinho que viajou do meu lado de sampa até o Panamá, ainda estou impressionada com a civilização do país. Há uma conscientização ambiental incrível e, em geral, os costa-riquenhos são muito bem politizados. Aparentemente, Guanacaste (a província em que estou vivendo) é um pouco desprovida de “recursos intelectuais”, se comparada com a capital, por exemplo. Mas o sistema educacional dá de 10 a 0 no “geralzão” do Brasil. A escola em que vou fazer o trabalho voluntário é conhecida por ser muito carente, mas as crianças estudam música e artes de verdade. Desde o primeiro nível elas têm aulas de inglês (umas 4 ou 5 aulas por semana), o que lhes permite, ao final do ensino médio, estabelecer uma conversação básica/intermediária no idioma, mesmo só tendo estudado em escola pública. Os mais velhos também têm aulas de turismo e duas vezes ao ano viajam pelo país através da escola. De graça;
* O presidente, Oscar Árias (Nobel da paz), estabeleceu uma meta hiper audaciosa de tornar o país “carbono-neutral” até 2021. Isto significa que haverá grande redução na emissão de gás carbônico e se tomará medidas como reflorestamento de forma que a mesma quantidade emitida de carbono seja absorvida de volta, tornando a contribuição da Costa Rica na emissão do gás igual a zero;
* O sotaque dos ticos (cidadãos de Costa Rica) é tipo um espanhol mineiro. O “R” quando no meio ou no fim da palavra (porta, amor) são puxados como o caipirês. Aqui em Guanacaste é muito sutil, mas minha hermana tica me disse que em San José é super puxado, inclusive quando no início da palavra (Rato, Roer, Roupa, Rei, Roma). Provavelmente influência Jamaicana/Americana;
* Falando em influência Jamaicana, ela é muuuito forte no lado do caribe, na região de Limón. Tudo que é tipo de comida leva coco, ou leite de coco. E lá eles falam 4 dialetos diferentes, sendo que um deles (Patuá) é uma mistura de espanhol, inglês jamaicano e francês. Aff!;
* Há poucas tribos indígenas e as que existem ficam em reservas ambientais, normalmente em altas montanhas, lugares de difícil acesso. Portanto, o contato do índio com o povo das cidades é mínimo;
* Muita influência mexicana (comida, música, TV ahhh o “ídolos” daqui, é o Latin American Idol, que é uma competição só para toda América Latina de língua espanhola e cada ano é gravada em um país diferente. Esse ano está sendo na Argentina);
* Diz-se que o país exporta mão de obra qualificada (procevê o grau de cultura) e importa a não qualificada. Há trabalhadores de toda a América Central, principalmente da Nicarágua;
* Se você não fala espanhol e vier pra cá, diga “¡Pura vida!” pra tudo, que dá tudo certo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Peripécias...

Hoje é segunda e só vou postar isso amanhã, já que hoje é feriado do dia de las culturas. Seria como o dia do descobrimento, mas como quando descobriram a Costa Rica (1400 e alguma coisa) os espanhóis já estavam pelas redondezas, alguns estudiosos não consideram a data como um descobrimento.
Sexta: Saí pela primeira vez à noite. Fui ao tal de Monkey Bar. Acho que entendi o porquê do nome... Você tem que subir uma escadaria pra chegar ao bar. Então, a rua em relação ao bar está lá embaixo. Eureca! É essa a visão do macaco!

Eu combinei de ir com uma colega alemã, que ficou de passar e me pegar de táxi. Quando eu digo que não há uma rua que passe na frente da minha casa, ninguém acredita. O táxi para na rua propriamente dita e eu tenho que caminhar uns 50m até lá. Não sei o que teria acontecido comigo se minha “irmã” não tivesse resolvido sair no mesmo horário (ela acabou indo pro mesmo lugar, mas com outro carro); ela teve que pegar na minha mão e me levar até a rua. Eu não enxergava meio palmo diante do meu nariz de tão escuro.

Depois de subir uns mil degraus, chegamos ao bar, onde uma banda tocava salsa ao vivo. Enquanto aguardávamos o resto do povo da escola, um sujeito engraçadinho se aproximou da gente: hola chicas!! Era o Miguel. Deve medir um metro e meio, magrelo e lembra a lacraia quando dança. Já foi se apresentando e se oferecendo pra nos ensinar a dançar (é o irmão da dona do buteco).

Gente... eu amo salsa. Mas cada música não termina nunca e tava um calor... Tudo bem, o Miguel entendeu que eu tava fora de forma, e me deixou descansar em paz um pouco. Digo isso porque logo depois, Karol (minha “irmã”) me apresentou pra banda (você já deve ter percebido que todo mundo conhece todo mundo aqui... ao pegar um taxi você diz: Bairro tal, casa de fulana de tal) e, ao me apresentar, todo mundo tinha um brilho no zóio quando ouvia de onde eu era. Não tem brasileiro nem pra remédio aqui! Até então eu tava me achando né... a embaixadora do Sámba na Costa Rica!

Foi quando tudo começou. Me surge esse cara, cujo nome até agora não sei, só sei que ele é da banda, ou do bar, ou sei lá. Tinha alguma influência no buteco. Me tirou pra dançar e não largou mais. A primeira música foi ótima, dançamos na frente do palco e o vocalista gritava um Brasil! de tempo em tempo. Foi lindo. Aí começou a segunda, eu já tava exausta, mas meu companheiro não tava nem aí, me puxou de novo e salsa nela! E Brasil! Mais uma, e eu já não sentia mais meus pés direito, tava suada igual tampa de marmita, quando escuto um tec tec tec no meu ouvido. Era um gordinho da banda com aquele pandeirinho com o pauzinho (é... não sei o nome) animadíssimo. É quando meu “companheiro” resolve me soltar. Eles queriam sámba. E eu, queria sair correndo, mas tinha muita gente me olhando. Dei uma reboladinha e catei meu parceiro de dança de novo, e só soltei quando a música acabou e aí sim eu saí correndo. Até aqui tá bom sobre sexta.

Sábado: Acordei às 11:00, tomei café e voltei pro quarto, de onde só saí pra jantar e depois voltei pra dormir.

Domingo: Fui à Flamingo Beach! Já falei da praia de Tamarindo aqui, que é praia, portanto é ótima, mas não impressiona. Agora, a praia Flamingo... gente, sob meus critérios é 10 em quase todos os quesitos:
Aparência: 10 (fiquei emocionada quando vi a cor da água e o conjunto da obra)
Sal: 10 (você mergulha e a sua pele não fica branca, como em Tamarindo, por exemplo)
Temperatura: 10 (fria o bastante pra refrescar, mas sem levar susto ou choque térmico)
Areia: 10 (é clara (bela), grossa (não gruda tanto) e não muito fofa)
Som ambiente: 10 (aqui não tem vendedor ambulante... e isso me deu uma idéia...)
Transparência da água: 9,5. Na verdade nunca vi uma água tão transparente na minha vida. Minha mãe ia pirar. Tem um ponto que é super tranqüilo, dá pra ver os peixinhos, a água bate no peito... você pode ficar o dia inteiro boiando ali... Agora, pq 9,5? Bem, estava eu aguardando uma ondinha e vejo um pedaço de papelão dançando na água. Primeira vez que via lixo na praia aqui, pensei. A onda foi chegando e... não era papelão, mas uma arraia! Pensa numa nega que imitou Jesus Cristo e correu por cima d’agua! Isso foi logo que cheguei. Depois tomei coragem e entrei na água de novo, meio neurótica ainda, até que me acostumei.
Essa praia fica há 20min daqui, e no caminho tem várias outras inclusive a Playa Conchal que, segundo o taxista é ainda mais bonita que a Flamingo.

Segunda de feriado: Morgação total, to com a pele dolorida ainda do sol de ontem, por isso não fui à praia hoje... talvez amanhã depois da aula...

Beijos salgadinhos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Tamarindo


Querido diário, hoje pela manhã eu fui dar uma volta na rua sozinha, pra conhecer a “cidade” direito. Quando eu digo “a rua” é literalmente “a rua”, pois só há uma rua principal com praticamente todo o comércio de Tamarindo. Porém, eu menosprezei A Rua quando disse que ia conhecê-la toda numa voltinha só. Andei por quase duas horas (break de 15 minutos na praia pra tirar a fotinha e respirar um pouco) e só deu pra ver metade. Amanhã eu volto.
Fui ao super (mercado) fiz umas compritchas pra eu não ter que descer da escola pra ir almoçar todo dia (caminhada no horário do almoço não dá, até mato-grossense tosta nesse sol).
Considerações do dia:
1) A comida daqui em geral é parecida com a nossa. Arroz todo dia (êêê!), feijão de vez em quando, carnes, frango, massas... Café da manhã mais pro estilo americano (quase não se vê pão, mas dá-lhe ovo e panquecas!). Muita influência da culinária mexicana: Pimentaaaa, guaca moleeee, tacooossss, aahhhh!;
2) Ontem a Maria (a dona da casa, não chamo ela de mãe não, tá, dona Ercy...) me serviu café em uma xícara menor: encheu uma xícara de chá até a boca. Falo mais nada...
3) O suco é de toranja. Joga no Google;
4) Ainda não saí à noite. Agora sou uma nerd que tem que ficar fazendo tarefa até tarde e tem que acordar cedo pra ir pra escola;
5) Nas aulas de gramática (bleh!³) do meu módulo só tem, além de mim, uma japonesa e uma americana que respondem tudo em slow motion. E com pausas. Café na veia!
6) Aqui tem mais taxista do que gente, surfista e moto-taxista de Roo;
7) Presunto não é presunto, não tem no meu dicionário e me esqueci de perguntar. Pelo contexto do artigo que li é um tipo de pessoa (viva). PQP

Hasta luego! Tenho que preparar a apresentação de um artigo da revista Muy Interessante: ¿Cómo se conserva y restaura una obra de arte?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Rapidinha

Hola!

E eu achando que me colocarem no nível avançado seria ótimo... me enganei. As aulas começaram ontem e já tá puxado: quatro horas em sala de aula por dia (um monte de gramática, bleh!) Ainda tenho que fazer tarefa, fazer social, procurar emprego e ir à praia! E tem as aulas de salsa!

Coisas que descobri ontem e hoje:


1) O técnico da seleção da Costa Rica é brasileiro;
2) Eu sou a única neguinha da escola (com exceção de um holandês moreno com dreads)
3) Eu sou a única latino-americana da escola;
4) Eu sou praticamente a única não-fumante da escola;
5) Eu sou uma das mais velhas da escola (além de mim tem as italianas de 26 anos (cada) e um casal de franceses na faixa dos 40, o resto está entre os 16 e 20);
6) Eu acho que vou voltar falando alemão ou japonês;
7) A Costa Rica fabrica 22% dos softwares feitos na América Latina;
8) Em Tamarindo o Oceano é pacífico e não fala mal de ninguém. A areia é um pouco escura e a água parece ter mais sal que o normal, mas é morninha e as ondas calmas, e ainda assim tem um monte de surfista saradão pegando jacaré que no ecsiste.
9) Clase é aula e aula é sala de aula. Tinha me esquecido porque odeio espanhol;
10) É mais fácil usar dólar do que a moeda local (Colón). Se vier com dólar, não faça câmbio, senão vai ficar perguntando igual à besta aqui nos lugares: “...y en colones, cuanto es?”
11) Aparentemente não existe um termo correspondente à palavra “Nuca” em japonês e em inglês.

Bjus chuchus. Sodades! (ah.. Saudade... e pra explicar essa palavrinha pra gringaiada aqui... hilário!)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cheguei!!

Eu tinha desistido da idéia de criar um blog para falar exclusivamente da minha estada aqui na Costa Rica, até porque não sabia (e ainda não sei) qual seria a frequencia com que teria acesso à internet. Agora mesmo, estou na frente da minha nova casa onde não há nem linha de telefone, pois fica “muy lejos de la calle”, quanto mais internet. Mas ainda assim resolvi escrever porque estou no meu segundo dia aqui (domingo), ainda não saí de casa e já tenho história pra contar. Pois bem. Vou começar do começo. Quando o avião aterrissou em San Jose, estava chovendo muito e, dentro do avião, fazia muito frio. Logo pensei: que legal, aqui não deve fazer frio nunca, só hoje... Dentro do aeroporto estava menos frio, mas ainda não dava para saber qual era a real temperatura lá de fora, e não me lembro do piloto falando sobre isso (quase não acordo a tempo de descer do avião).
Já comecei a notar a simpatia costa-riquenha logo na passagem pela “policia federal”. Fui “carimbada” por um cara super simpático, que fez com que as perguntas corriqueiras passassem por um diálogo de gente normal, sem aquele ar de “eu sei o que você fez no verão passado”. Já me senti em casa. Passei pela aduana após pegar a bagagem e fui logo fazer o câmbio. Eu, depois de umas doze horas de viajem (contando a partir de Cuiabá), aproximo-me da cabine parecendo uma múmia empurrando um carrinho cheio de malas, levo um susto quando um mocinho de dentro da cabine diz superanimado: Bienvenida a Costa Rica! Comecei a rir né... Se ele que estava trabalhando tinha aquele humor todo, não ia ser eu a ficar carrancuda. Troquei os R$ 490,00 que estavam na minha carteira que se transformaram em 129.432,61 Colones! Fiquei rica hahahaha.
Logo na saída, já pude avistar Adrian, com a plaquinha da EF na mão. Quando coloco os pés finalmente fora do aeroporto, pude sentir a temperatura real. Devia fazer uns 37C e eram 21:00! Me senti em casa de novo. Me aproximei de Adrian, que também já foi sacando quem eu era. Trocamos algumas amenidades e, quando lhe perguntei como estava, ele me respondeu com um animado Pura vida!
Nos dirigimos para a van da escola onde nos aguardavam duas italianas também animadísimas. O traslado de San Jose para Tamarindo durou quatro horas (paramos uma vez para abastecer em uma gasolinera e para comprar água). A estrada é ótima e muito bem sinalizada em sua maior parte, porém movimentada e Adrian parecia ter pé de chumbo. Não conseguia ficar bem acordada por já estar muito cansada, e por estar viajando à noite, o que me dá sono. Mas também não conseguia dormir porque de tempos em tempos me assustava com os solavancos das bruscas freadas ou por alguma buzina. Já nas proximidades de Tamarindo, pegamos estrada de chão. Alguns pontos alagados e outros em que eu juraria que a estrada já havia acabado. Chegamos finalmente em Tamarindo e o primeiro ponto que ouvi Adrian nos apresentando era o Monkey Bar. Estava lotado, pois era sexta feira, Lady’s night (provavelmente poderei explicar isso com mais detalhes em outro post). Logo entramos em uma rua aparentemente sem saída, que na verdade havia, mais em alguns pontos a mata é tão fechada que parece ser impossível transitar por ali. Mas, passamos. E do outro lado fomos surpreendidas por mansões belíssimas literalmente no meio do mato. Repetimos essas sensações mais algumas vezes antes de chegarmos ao prédio da EF, onde minhas novas amigas se hospedariam. Mas eu, que optei por ficar em casa de família ainda não tinha concluído meu trajeto. A minha casa fica em outro bairro e, quando cheguei aqui pensei que estava em uma fazenda. Há muito mais mato do que casa (que não são muradas) e, especificamente onde estou, não existe exatamente uma rua. A casa é relativamente pequena e simples, mas limpa e tenho um quarto só para mim com espaço e móveis suficientes para acomodar minhas coisas. Maria, a dona da casa, tem três filhos: Karolina, Estéban e Eduardo. São bem educados e cada um na sua.
No sábado, no café da manhã conheci uma Suíça que estava de partida, não tive muito tempo de conversar com ela. Ah, o café da manhã foi o seguinte: ovos mexidos com presunto, banana frita (sequinha, parecia mais grelhada) abacaxi e melancia. E suco que parece de alguma laranja mais forte (quando descobrir eu conto). O resto do dia foi preguiçoso, passei a maior parte do tempo lendo e assistindo a séries que baixei ainda no Brasil e também conversando com Henry, um amigo da família que se diverte com as curiosidades e falso cognatos dos nossos idiomas (ele ficou pasmo quando disse que vaso pra gente é o que temos no banheiro, não o que ele usa pra tomar água.). À tarde participei de uma festa de família, uma espécie de chá de bebê da irmã de Maria. Me senti meio deslocada, mas foi interessante. Às cinco da tarde estávamos comendo arroz, guaca mole e um guisado de legumes. Tudo muito bom, mas estranho. Fui dormir cedo, e tinha muito sono, motivo? Fuso horário. Aqui são três horas a menos em relação ao horário de Brasíla. Acabo de descobrir que meu relógio biológico sempre esteve ajustado com o horário daqui. Quando na minha vida acordei sozinha em um domingo às 7:00 da manhã superdisposta a tomar uma ducha fria?
Isso mesmo, acordei antes de todo mundo e fiquei no meu quarto até que a casa acordasse, então vim aqui para a varanda da frente que é mais fresco e comecei a escrever. Aqui mesmo tomo meu café da manhã: ovos mexidos com torradas quentinhas e manteiga derretida, frutas frescas e o suco esquisito (nos dois idiomas, pois apesar de não ter identificado ainda, achei gostoso). A Maria perguntou se eu tomo café, eu disse que sim e ela me aparece com uma caneca enorme com café até a boca. Lógico que nem tomei um terço, né. Pedi desculpas para ela e expliquei que no Brasil tomamos café em uma taza chiquita. Eles (ela e Henri) acharam um absurdo, já que no Brasil tem tanto café...



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