segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um post que gostaria de ter escrito há muito tempo!

Eu estava mesmo precisando tirar a teia de aranha daqui! Mas se é pra voltar, que seja assim, pra dar uma boa noticia! Mais do que isso: pra dar um depoimento que pode ajudar algumas pessoas (assim espero). A maioria que me conhece sabe que enfim consegui a bendita e tão esperada nacionalidade portuguesa! Eu estava esperando a oficialidade da coisa para postar aqui (já já vocês entenderão por que).
Bem, a novela começa desde a minha época de faculdade, quando começou a surgir o interesse em conhecer outros países e blábláblá. Meu pai era português, logo, tenho direito.

A primeira coisa que fiz foi entrar no site da embaixada de Portugal no Brasil, onde há um monte de informações sobre como obter a nacionalização. Site de embaixadas (pelo menos das que precisei até hoje) geralmente informam muito sobre as exceções e pouco sobre as regras básicas, como se todo mundo já devesse nascer sabendo como funcionam os trâmites consulares. Ok, estou sendo injusta! Existe sim uma regra básica bem clara: quase todas as  informações das quais precisamos (normalmente as que não constam no site) não podem ser passadas por telefone.. Você liga e a mensagem eletrônica diz que você tem que procurar no site. Até parece coisa de português! Existe a possibilidade de você ser atendido por alguém, que vai dizer o mesmo que a mensagem eletrônica diz. A terceira opção é enviar um e-mail. Pra vocês sentirem um pouco do drama, uma das respostas via e-mail que já obtive foi: digite isso no site de buscas "Google"!

A informação que eu tinha, desde o início era que, para todos os tipos de processo, era imperativo que se tivesse a certidão de nascimento do pai emitida em Portugal. Aí complicou tudo. Meu pai nasceu no ano de 1925 e veio pro Brasil ainda bebê, provavelmente a bordo de uma das caravelas de Cabral. Como se acha um documento desse, minha gente?? 

Na família só tínhamos os documentos brasileiros, claro. Aí foram dias pesquisando como e onde conseguir o documento. A cidade em que ele nasceu mudou de nome. Encontrei um escritório que trabalha com serviços consulares, mandei um e-mail contando o drama e me disseram que poderiam pegar o caso, fizeram a busca com seus contatos em Portugal, semanas depois, eis a resposta: Necas de Pitibiriba! O documento não existe!



Larguei mão. Sem o documento de base e com pouca informação, não tinha como prosseguir.

Aí eu fui pra Costa Rica, conheci um francês e vimos que pra ficarmos juntos, a priori, era mais "fácil" eu vir pra França do que ele ir para o Brasil. Contei da história da nacionalização e decidimos tentar diretamente aqui da Europa.



Liguei para o muito provável cartório onde meu pai teria sido registrado e, depois de ouvir ao fundo o português folheando o livro do outro lado da linha, eis a resposta: náo! Náo ixtá!
Estaca 0 de novo. Expirou meu visto de 3 meses, voltei para o Brasil, voltei para cá. Tentamos outros tipos de visto, nada funcionava. Resolvemos pedir ajuda para o consulado de Portugal aqui em Bordeaux. Emitiram uma solicitação ao cartório e disseram pra eu ligar depois de 3 dias se não entrassem em contato comigo antes. Liguei quase todos os dias durante um mês! A dona Margarida já não aguentava mais ouvir minha voz. E... necas de Pitibiriba! O cartório simplesmente não respondia. Nada dava certo. Tive que voltar para o Brasil e responder repetidamente às perguntas em série: mas porque vocês não casam? Por que não vêm para o Brasil? Pra que passaporte europeu com a Europa nessa decadência? E até: não é mais fácil namorar um brasileiro??

Mereço!

Enfim, da minha parte eu já estava crendo que esse documento nem existia, já tinha largado mão de novo. Mas o tal do francês é pior que brasileiro e não desiste nunca. Na terceira vez que vim pra França fui praticamente obrigada a ir pessoalmente ao consulado pra ver se obtinha alguma resposta diferente. Depois de vários minutos procurando meu dossiê, dona Margarida abre a pasta e diz: Então, realmente eles não encontraram! Me mandaram essa certidão aqui, mas esse não é seu pai! Na certidão tinha um PINTO no meio. Calma, explico. Nos documentos do meu pai no Brasil, seu sobrenome era unicamente Moreira, assim como  meu avô. Na certidão da dona Margarida, ambos apareciam como "Pinto Moreira". Havia também uma discrepância entre as datas de nascimentos dos dois documentos. Não hesitei e pedi a cópia daquela certidão, pois as outras informações batiam.



E agora? Como saber se eu conseguiria ir adiante com tal documento? Fazendo drama,


oras! Depois de ter tentado consulado brasileiro em Lisboa, recebido informações inuteis por e-mail, liguei pra Brasília e falei assim, depois que me atenderam:
- Eu sei que vocês não dão certas informações por telefone, mas eu não sei mais a quem recorrer, então me ajuda! Encontrei o documento do meu pai , mas existem umas inconsistências e blábláblá...
-Realmente... a senhora vai ter que mandar um e-mail ou ligar no dia tal, no horario tal e falar com a fulana-de-tal...
-Moço! Tem anos que estou nesse enrosco! Pelo amor de Deeeeuuuuusssss eu to ligando da França, gastando a maior grana pra ouvir sempre a mesma coisa, moço!! Me ajuda, pelamordedeuss!!!! aaahhhhh

Foi quando ele me deu o telefone de um outro escritório de advogados da "área". A partir daí a coisa fluiu. Quer dizer, depois de passar pela fase de cagaço de contratar uma empresa completamente desconhecida. Não é barato, o meu caso tinha muitas peculiaridades e se eu tentasse prosseguir por conta própria, demoraria mais uns dois anos, com o risco de chegar lá careca e cheia de rugas. Deu certo, em menos de dois meses recebi o meu "assento" Português, voltei pra França e dei entrada no pedido da identidade portuguesa (se eu fosse fazer no Brasil, teria que esperar até o mês de agosto pra dar entrada) e chegou hoje pelo correio o comunicado de que meu cartão cidadão (carteira de identidade) está pronto. Pego amanhã no consulado!

Farei um post separado contando mais detalhes técnicos e burrocráticos do processo, pois já estou cansando e vocês também. 

Respondendo às perguntinhas de sempre de forma definitiva, digo: porque tinha que ser assim! é um direito meu do qual nunca deveria ter abrido mão. Isso independe do fato de eu querer morar na França ou não! Os direitos e beneficios vão muito além disso. Por exemplo, eu posso votar em Portugal! kkkkkkkkkkkkkkkk (é que vieram instruções sobre voto na cartinha que recebi, olha que util! hahaha). 

Mas é isso, meus amores. Estou muito feliz com a conquista e por conta dela, vem muita novidade por a'i!



Bjo!

3 comentários:

  1. Parabéns Fabi, que rolo, que burocracia para conseguir tal documento, mas como você é brasileira e está com um Francês, assim não desistem nunca rsrs, conseguiram, enfim, tal documento. Fico muito feliz pela vitória, como você disse, é um direito seu! ;)

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  2. Fico MEGA Feliz que as coisas começaram a dar Certo! *-*

    Então, já está na França? E a Fabijú, como ficou?

    Beijo!
    Boa sorte nessa nova fase e muitos posts por aqui!

    =)

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